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Edgard Matiello Júnior

Ramo:
Especialidade:
Grupo:
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Duração:
1/9/24
-
31/8/24
Supervisor:
António Camilo Cunha
País:
Brasil

Minha travessia pelo Atlântico iniciou conhecendo mais sobre Braga do que Portugal; mais sobre o Centro da UMinho do que da própria Universidade do Minho; mais do CIEC do que sobre a Educação escolar do país. De setembro/2023 a agosto/2024, estive a realizar Estágio Científico Avançado na UMinho, no CIEC, na pessoa do Professor António Camilo Cunha, para entender como a Educação pública em Portugal percebe e atua sobre as mazelas produzidas pelas desigualdades (econômicas) e iniquidades (desigualdades de poder). Inicialmente, com o auxílio de servidores públicos atenciosos e competentes das bibliotecas da UMinho, mergulhei em águas turvas, “revirando” prateleiras e bancos de dados, classificando e selecionando farto material do rico acervo. Em seguida, tivemos a indicação de pessoas mais experientes da cidade sobre com quem e quais instituições poderíamos nos situar sobre o objeto de estudo. Passamos, então, a dialogar com uma junta de freguesia; instituições assistenciais; partidos políticos; autarquia da Câmara de Braga; sindicatos de professores; bibliotecárias; representantes de minorias étnicas; administradores de agrupamentos escolares e coordenadores e docentes de escolas públicas. Em termos teóricos, sob a guia segura e entusiasmada do supervisor do Estágio, enumeramos filósofos, sociólogos e educadores de diferentes tempos e lugares, e compreendemos como a pobreza evoluiu historicamente em Portugal e como este país tem lidado com esse fenômeno crescente em sua sociedade, e, sobretudo, como a Educação escolar tem enfrentado esse grave problema. De todos os dados obtidos na investigação, é deveras impactante considerar que, quando as instituições de Estado em Portugal (e também no Brasil) assumem algum nível de atuação perante a pobreza que limita o desenvolvimento humano de crianças desde seus primeiros anos de vida, a preferência tem sido por ações de cidadania assistida ou tutelada inclusive no ensino escolar -, sem que as raízes profundas da organização societária do problema sejam de fato alcançadas e alteradas, sendo, de forma geral, desarticuladas e superficiais, por melhores que sejam em termos de fundamentos e de ação pedagógica. Por outro lado, encontramos também fortes evidências de que a escola generosa se eleva de diferentes formas perante as dificuldades que a sociedade portuguesa enfrenta. Ao preparar as malas para o retorno ao Brasil, percebi claramente que o plano original havia se alterado “um bocado”. Na verdade, se a proposta era realizar um trabalho acadêmico em sua essência, posso assegurar que o contato direto com pessoas e instituições com suas potencialidades, mas também com suas limitações, frustrações e desesperanças, tornou-me, de alguma forma, um pouco português, tamanha foi a empatia associada ao envolvimento visceral com tanta gente com conhecimentos, história e sentimentos autênticos de generosidade para com os desvalidos. Generosidade que, em nossa interpretação do poeta-filósofo, diz menos respeito a dar aquilo que é o excedente acumulado e mais respeito a oferecer daquilo que nos fará falta! Não sei da possibilidade de meu retorno ao Instituto de Educação da UMinho, mas, de todo modo, a generosidade com que fui recebido na cidade e na universidade certamente ficará marcada como algo que me completa como pesquisador e humano. Na tentativa de uma síntese sobre o período de Estágio, talvez seja suficiente reafirmar: vale a pena ser professor!

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